sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A vida de Liêdo Maranhão




Liêdo Maranhão é cirurgia-dentista, além de pesquisador é cineasta, escritor e memorialista, rico em historias não só que ouviu do povo, mas também pessoais, passando três anos na Europa. Recebe hoje aos 82 anos o privilegio de ter em sua própria residência a criação da Casa de Memória popular, por ter ao longo de sua vida juntado todo esse material.
Sua parceria com o Espaço da Cultura Popular do Recife, surgiu por que Liêdo é um colecionador e pesquisador da cultura popular, nascido e criado no bairro de São Jose, ele vem há mais de trinta anos reunindo um significativo acervo, na tentativa de preservar e devolver ao povo segmentos importantes da memória da arte e cultura nordestina.

Espaço da Cultura Popular- Mercado São José

A parti de agora o mercado de São Jose tem um espaço voltado para a cultura popular. Em parceria com o Núcleo de Empreendimento em Ciências Tecnologia e Artes – NECTAR, a Prefeitura do Recife inaugurou o Espaço da Cultura Popular do Recife, localizado no mercado de São José.
O projeto tem o objetivo de democratizar o acesso á cultura e á arte, utilizando praticas interativas e tecnologia da informação, alem de outros recursos e suportes de informação, originado dos acervos de cultura popular.
Nesse primeiro ano do Espaço da Cultura do Recife a NECTAR realiza uma programação da cultural. Serão realizadas quatro exposições interativas que terão as seguintes temáticas: Liêdo maranhão: O escriba dos excluídos; Medicina Popular; culinária Brasileira e Nordestina; Mercado de São José: patrimônio vivo da cultura nordestina.

Programação das Exposições.

03/10/2007 a 31/12/2007 “Liêdo Maranhão: O escriba dos excluídos”
07/01/2008 a 31/03/2008 “Medicina Popular”
07/04/2008 a 30/06/2008 “Culinária Brasileira e Nordestina”
07/07/2008 a 30/09/2008 “Mercado de São José: Patrimônio vivo da cultura nordestina”

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Mercados Públicos do Recife, um livro pra ser ver

Para levar a um público que busca diversidade cultural e riqueza da história recifense, formou-se um grupo independente composto pelo historiador Marcelo Lins, pelo fotógrafo Damião Santana, pela redatora Maria Adélia Bandeira de Melo e pela designer Fátima Finizola, todos sob a coordenação da produtora cultural Cynthia Mahon.

Assim, surgiu o projeto recife no Bolso, uma coleção de quatro pequenos livros, em inglês e português, a fim de proporcionar uma leitura agradável e trazer aspectos da história, das tradições e dos costumes da cidade e de seu povo.

O primeiro livro Mercados Públicos do Recife, lançado dia 27 de setembro deste ano, aborda uma das tradições mais ligadas aos recifenses. O texto, de autoria de Marcelo Lins, leva o leitor a uma viagem por cinco dos mais representativos mercados da cidade: Boa Vista, São José, Madalena, Casa Amarela e Encruzilhada. A história, a arquitetura e a riqueza do folclore e da cultura das pessoas de cada um deles.

A princípio, o mercado é um lugar de compras, onde encontramos um pouco de tudo. Mas para os habitantes do Recife o mercado é muito mais do que um simples bazar de mercadorias. Quando os pesados portões de ferro se abrem, entra-se como que em outro mundo. Aí são encontradas gentes de todas as classes, credos e cores que freqüentam democraticamente o espaço do mercado, do encontro de amigos e boêmios para a cervejinha do sábado, onde se discute um pouco de tudo, de política a futebol à famílias que têm no mercado sua fonte de renda e meio de vida. Pessoas que vivem e freqüentam os mercados há gerações e ainda conseguem se emocionar com as lembranças. E a história que aí se constrói é diária, transformando e fortalecendo a identidade de cada um deles.

Mas os mercados, além de tradição e costume, são fontes de orgulho para os recifenses pela sua diversidade e em alguns casos pioneirismo da sua arquitetura. Como é o caso do imponente mercado de São José, o primeiro mercado de ferro construído no Brasil datado de 1875. Sua estrutura em ferro fundido trazido da Europa mostra o arrojo dos governantes do Recife daquela época trazendo para o Brasil o que havia de mais moderno em matérias e técnicas de construção. E que há pouco tempo foi reformado, atraindo ainda mais o visitante.

Sendo também local de reuniões da freguesia, cada mercado traz consigo reformas urbanísticas, acontecimentos políticos, fatos históricos importantes para a localidade, que aconteciam por toda a cidade. História que pode ser acompanhada por imagens e fotografias que mostram os mercados desde suas origens até os dias atuais.

São relatos que marcaram e ainda marcam a história dos mercados públicos do Recife, presentes no livro. Porém, nada melhor que conferir pessoalmente essa identidade cultural do estado.


Por Kelly Beatriz Souza

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Conhecendo o Mercado Boa Vista

O mercado da Boa Vista, se diferencia dos outros estabelecimentos de mesmo tipo na região. Em quanto o mercado de São José, consagrado como "Monumento Nacional" desde 1973, já é um ponto turístico obrigatório para aqueles que visitam a cidade, o Boa Vista recebe apenas o público local.

O mercado, fundado no início do século XX, ainda mantém muito de suas características arquitetônicas originais. O portão de ferro, conserva até hoje em suas pilastras um símbolo que identifica o local onde se negociavam ou leiloavam os escravos negros trazidos da África.

Localizado na Rua de Santa Cruz, no bairro da Boa Vista, o mercado possui 63 boxes, onde são comercializadas frutas, verduras, carnes, peixes, produtos naturais, mercearias além de bares de comida regional. Atualmente, a prefeitura está realizando obras de melhoria na área interna e externa do estabelecimento, mas ainda há muito que se mudar.

Em quanto os outros mercados se prezam pelo valor cultural que possuem, e o exploram tornando-os centros de artesanatos popular, no mercado da Boa Vista pouca arte é vista. Um local onde já foi destinado à venda de escravos africanos que chegavam ao Brasil através de contrabando, poderia utilizar deste seu passado para atrair turistas e moradores locais.
Por Amanda Barros

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

De veterinario à artesão...

Alberto de Souza, 44 anos, formado em medicina veterinária pela UFPE, deixou o trabalho para administrar seus oito boxes no Mercado São José.

Com o crescimento dos negócios teve que deixar sua profissão e acabou se tornando artesão, como herança da sogra herdou um dos boxes, que hoje já se multiplicaram e ocupam um grande espaço no mercado.

Há 25 anos vende renda renascença, renda de frivolité, ponto de cruz e a sua especialidade bonecas de pano, todo artesanato é feito por ele. O modelo mais procurado é a Cidinha, bonecas com pernas longas e coloridas que encantam as crianças.

As bonecas variam de preços de acordo com o tamanho e o material utilizado.
Segundo Alberto ele produz todo o seu artesanato na madrugada quando chega do trabalho. É com a renda do boxe que ele sustenta a família.

Sua arte fascina turistas e as pessoas da região.

Por Marília Maciel

História, cultura e regionalismo se encontram na Madalena

Quem visita o Mercado da Madalena pode ficar muito próximo de elementos importantes da nossa cultura popular. É só prestar atenção no Box Sertanejo, e verificar como é possível obter contato com tanta representatividade do pensamento e da produção tipicamente regionalista.

Eurides Ferraz, uma sertaneja de Serra Talhada sabe muito bem contar estas histórias de resistência da cultura nordestina no Mercado. Depois de ter sido aposentada como funcionária do antigo Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe), ela optou por passar boa parte do seu tempo convivendo com as pessoas que procuram o Mercado como uma opção de lazer, entretenimento e encontro na cultura popular. Logo na chegada no Box , pode-se ver os cordéis que retratam os casos e as situações cotidianas com a linguagem rimada e característica desta literatura. Recitais de poesia, ponto de encontro de artistas, local de divulgação de livros e da cena cultural.


Eurides sente-se por estar rodeada com a realidade da região. "Para que se tenha uma idéia, alguns livros lançados recentemente de autores locais nasceram aqui na Madalena, por exemplo, o Relicário de Felipe Jr., onde ele conta como fez diversas amizades e contatos. Como sertaneja eu sei da importância de lugares como estes". Os encontros acontecem na maioria aos sábados e não tem datas certas, apenas que os poetas estejam dispostos a se encontrar. "Chico Pedrosa, Jessier Quirino, Galego Aboiador. São artistas que sempre nos visitam e juntam muita gente".

Até na área gastronômica, o Box de Eurides tem o que contar. "Eu vendo aqui a tradicional manteiga de garrafa, mel de engenho, rapadura, doces e queijos".

E para manter a tradição do homem nordestino de ouvir a música local, nada melhor do que um velho e bom rádio. Um ABC, A voz de ouro ainda em ótimo estado de conservação e funcionando, pode ser visto no Box. "O rádio era da família e tenho um compromisso de guardá-lo".

É por exemplos assim que os Mercados Públicos podem ser considerados exemplos de cultura regional. A própria arquitetura mantida e conservada, deixa no ar um clima de popular e tradicionalista.

Por Aroldo Costa

No Mercado da Madalena, uma discussão sobre a Economia

Mesmo sofrendo a concorrência direta de supermercados, lojas, restaurantes e bares diversos, os mercados públicos tentam a sobrevivência baseados numa relação direta com os clientes, consumidores e visitantes. Nestes mercados ainda é possível se encontrar uma boa conversa ou mesmo produtos com boa qualidade e de preço acessível. Mas a discussão sobre a Economia nestes lugares é muito maior e passa, por exemplo, sobre questões como, comodidade (todos os hipermercados dispõem de grandes estacionamentos), localização e variedade de itens oferecidos.

No Mercado da Madalena não é diferente. Numa olhada mais cuidadosa é possível notar um movimento pequeno durante a semana. É mesmo nos fins de semana que o mercado fica mais movimentado, principalmente nos bares existentes.

Temístocles Lopes de Oliveira é um dos mais antigos vendedores, está há mais de 20 anos comercializando peixes, aquários e produtos afins. Para ele, durante os últimos anos houve uma mudança no perfil econômico no lugar. "Antigamente aqui tinha venda de carnes, frutas, verduras. Hoje já não é mais assim. Pra falar a verdade, hoje só vemos bares e passarinhos. Além do que depois que fecharam a praça aqui na frente o movimento caiu muito. Se não fossem os bares, acho que já tinha fechado". É claro que a concorrência com lojas especializadas influiu diretamente para este novo quadro. Mesmo assim, Temístocles continua zeloso e prestativo com a clientela. "Continuo construindo aquários e vendendo peixes, pois é o que mais gosto de fazer".

Já o comerciante Paulo Barbosa trabalha há seis anos no Mercado da Madalena e agrada justamente os visitantes que procuram a gastronomia. Atendendo um público variado acima de 25 anos que busca diversão por meio de bebida e comida regional, ele comenta o movimento registrado nos fins de semana como o melhor momento do Mercado. Aposentado, ele preferiu ficar como proprietário de um box onde pratos típicos se destacam. "Realmente durante a semana a freqüência é baixa, mas no fim de semana compensa. Pra mim não foi difícil se adaptar a nova realidade de trabalhar aqui". Nos pratos servidos destacam-se a costela no bafo, feijoada e os tira-gostos feito com peixes.

Paulo Barbosa inclusive não vê a concorrência como algo tão ruim. "Vejo muitas pessoas freqüentando outros lugares, mas que estão sempre vindo por aqui. Tem gente que passa a noite numa festa ou boate, e vem tomar café da manhã ou a saideira no Mercado".

No Mercado da Madalena ainda pode-se notar o comércio de calçados, gêneros alimentícios, filhotes de animais e até bolsas e artigos de couro. E apesar do avanço da sociedade para instrumentos mais modernos nesta área, ele subsiste por sua simplicidade e está ali, perto de tudo e de todos.


Por Aroldo Costa